Quociente espiritual
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Quociente espiritual

Quociente espiritual

Como você vem se alimentando espiritualmente, relacionando-se com as pessoas e fazendo negócios? E o que uma coisa tem a ver com a outra?

No livro QS: inteligência espiritual, os filósofos Danah Zohar e Ian Marshall, baseados em estudos sobre a consciência, defendem a ideia de que o ser humano tem uma dimensão espiritual ligada à necessidade humana de ter e concluir objetivos, e que, além do QI (quociente intelectual) e do QE (quociente emocional), a inteligência humana também pode ser medida por meio da inteligência espiritual – QS.

O quociente intelectual, ou quociente de inteligência, é um fator que mede a inteligência das pessoas com base nos resultados de testes específicos. Abrange o desempenho cognitivo de um indivíduo comparando a pessoas do mesmo grupo etário. O quociente emocional refere-se ao nosso propósito e objetivos de vida, consequentemente ao significado de nossa existência, ao desenvolvimento dos valores éticos e a crenças que pautam nossas ações.

De acordo com os filósofos, o QE é o tipo de inteligência mais importante. Os computadores teriam um elevado quociente intelectual; os animais, um grande quociente emocional, mas somente o homem teria oquociente espiritual.

A diferença entre eles é o poder transformador. A inteligência emocional nos propicia julgarmos em que situação nos encontramos e comportar-nos apropriadamente dentro dos limites da situação. Já a inteligência espiritual nos permite perguntar se queremos estar nessa situação particular, o que implica trabalhar com os limites da situação.

O que é inteligência espiritual? 

O termo espírito está ligado à definição de espiritual, que significa holístico, pleno, a base do ser. Tem uma conotação antiga.

O Ph.D. em física quântica, Amit Goswami – conferencista, pesquisador e professor emérito do departamento de Física da Universidade de Oregon, EUA, que leciona regularmente no Ernest Holmes Institute e na Philosophical Research University, em Los Angeles – é referência mundial em estudos que buscam conciliar ciência e espiritualidade. Autor de inúmeros artigos científicos publicados em revistas de medicina, economia e psicologia, Goswami diz que prefere usar o termo “inteligência supramental”, em vez de espiritual, porque significa a inteligência além do mental. O termo tem a ver com nossos valores, virtudes e com os arquétipos que definem verdade, beleza, amor, justiça e bondade. É uma inteligência mais ligada à intuição do que à razão.

Em entrevista dada à revista Época Negócios, Goswami explica que “a consciência é a base da existência. Ao dar valor primordial à consciência, podemos apreender todas as suas qualidades, não só as experiências materiais e sensoriais, mas também o que sentimos e intuímos. Essa intuição é um fenômeno que se explica pelo conceito de não localidade, uma comunicação na qual não há troca de sinais, explicada pela física quântica. É um fenômeno em que moléculas, elétrons e pessoas se comunicam mesmo a longas distâncias. Isso é a evolução de nosso conceito de inteligência, porque previamente o argumento era que inteligência era a maneira como usamos nosso computador cerebral. Lógico que existe um componente em seu DNA que explica como você usa seu cérebro, mas inteligência também é criatividade – é como você vai além da mente, além do conhecido. Precisamos integrar a intuição e a criatividade a nossa razão”.

Quociente emocional

Nos anos 90, o psicólogo e teórico do quociente emocional Daniel Goleman criou a expressão “inteligência emocional” para descrever a necessidade de desenvolver o autoconhecimento e a empatia. Mais recentemente, cientistas encontraram evidências de que o cérebro humano foi programado biologicamente para fazer perguntas filosóficas e subjetivas, como “Quem sou eu?” ou “O que torna a vida digna de ser vivida?”.

Quociente emocional x quociente espiritual

Daniel Goleman fala das emoções. Inteligência espiritual fala da alma. O quociente espiritual tem a ver com o que algo significa para nós, não apenas como as coisas afetam nossas emoções e como reagimos às situações.

A espiritualidade sempre esteve presente na história da humanidade. O tema espiritual não é nada novo, mas a abordagem mudou, embora continue polêmico. De um tempo para cá, entrou no radar dos cientistas, que têm tentado entender a existência dessa inteligência e explicá-la de uma forma mais “racional”, se é que isso é possível. As pesquisas sobre quociente espiritual (QS) ainda são pouco divulgadas, mas já foram capa das revistas americanas Neewsweek e Fortune.

Nem só razão, nem só emoção

O indiano Amit Goswami diz que a base da criatividade é a inteligência que se baseia nas percepções sutis e na intuição. Em entrevista à Época Negócios, Goswami, que já foi ateu e hoje estuda ciência e espiritualidade, disse que “ao dar valor à consciência, apreendemos não só as experiências materiais e sensoriais, mas também o que sentimos e intuímos”.

Goswami costuma dizer que todos nós temos dois lados. Um é o lado Isaac Newton – aquele que quer entender tudo em termos objetivos, matemáticos. Outro é o que ele chama, numa referência ao poeta inglês, de William Blake – mais sutil, que vê o mundo a partir de uma percepção intuitiva. Para ele, é na confluência desses dois lados que está a raiz da criatividade.

“Quase 100 anos de pesquisas sobre criatividade mostram que os cientistas também dependem da intuição. Nem tudo é racional, matemático”, escreveu em O UniversoAutoconsciente: como a consciência cria o mundo material, publicado no Brasil pela Editora Aleph. O autor contesta radicalmente o realismo materialista e desconstrói a convicção de que a matéria é o principal elemento formador da criação. Afirma que o verdadeiro fundamento de tudo que conhecemos e percebemos é a consciência, e tudo o que existe e se move no cosmo é gerado pela consciência. Propõe um desafio, uma ponte sobre o gigantesco abismo entre ciência e espiritualidade, construindo um novo paradigma científico: “o universo não existe sem algo que lhe perceba a existência”.

Goswami domina a matéria com mestria. O Ph.D. em física nuclear despertou para uma outra maneira de ver a vida, ao perceber que era impossível realizar medições quânticas usando somente a inteligência racional e que a visão dos espiritualistas sobre o mundo era a mais acertada para entender a física quântica. Começou, então, a estudar as relações entre razão e intuição. Hoje, professor emérito no Instituto de Física da Universidade de Oregon, nos Estados Unidos, é um físico respeitado e especialista nessa nova ciência – do estudo da consciência dentro da ciência – que permite integrar o lado objetivo ao lado sutil: a inteligência espiritual.

Como as pesquisas vêm confirmando a ideia desta terceira inteligência

Os cientistas descobriram que temos um “ponto de Deus” no cérebro, uma área nos lobos temporais que nos faz buscar um significado e valores para nossas vidas. “É uma área ligada à experiência espiritual. Tudo que influência a inteligência passa pelo cérebro e seus prolongamentos neurais. Um tipo de organização neural permite ao homem realizar um pensamento racional, lógico. Dá a ele seu QI, ou inteligência intelectual. Outro tipo permite realizar o pensamento associativo, afetado por hábitos, reconhecedor de padrões, emotivo. É o responsável pelo QE, ou inteligência emocional. Um terceiro tipo permite o pensamento criativo, capaz de insights, formulador e revogador de regras. É o pensamento com que se formulam e se transformam os tipos anteriores de pensamento. Esse tipo dá o QS, ou inteligência espiritual”, explicam Zohar e Marshall, no livro.

O estudo e a aceitação dessa realidade podem nos ajudar a enxergar mais longe, ser mais criativos, centrados e encontrar um ou mais significados para a vida além das conquistas materiais. Pode mudar a forma como vemos o mundo, nos relacionamos com as pessoas e fazemos negócios.

Dez qualidades comuns às pessoas espiritualmente inteligentes

(segundo Danah Zohar e Ian Marshall)

  1. Praticam e estimulam o autoconhecimento profundo.
  2. São levadas por valores, idealistas.
  3. Têm capacidade de encarar e utilizar a adversidade.
  4. São holísticas.
  5. Celebram a diversidade.
  6. Têm independência.
  7. Perguntam sempre “por quê?”.
  8. Têm capacidade de colocar as coisas num contexto mais amplo.
  9. Têm espontaneidade.
  10. Têm compaixão.

Todos os itens são importantes, mas, na minha opinião, o décimo é o mais significativo. A compaixão é um sentimento típico dos seres humanos que se caracteriza por piedade e empatia com o sofrimento alheio. Desperta fortemente a vontade de ajudar o próximo a superar seus problemas. Ela nos impele a ouvir, consolar e dar suporte emocional, o famoso “colinho”.

Finalizo com a pergunta da abertura deste artigo: Como você vem se alimentando espiritualmente, relacionando-se com as pessoas e fazendo negócios?

Sobre a autora: 

Catarina Pierangeli – Jornalista apaixonada pela comunicação ajudando empresas e profissionais a conquistar reputação online e visibilidade. Pós-graduada em Gestão da Comunicação em Mídias Digitais com mais de 28 anos de experiência em Comunicação Corporativa. Atualmente atua como diretora executiva na Pierangeli Comunicação, é consultora, mentora, professora, palestrante, ghost writer. Linkedin heavy user e colunista regular do Pulse. Pesquisadora atuante da Comunicação Multiplataforma e produtora profissional de conteúdo para diversas empresas , profissionais e canais.

 

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