01 dez Serendipity! Como usar a intuição a seu favor
“As sementes de grandes descobertas estão constantemente flutuando em torno de nós, mas elas só se enraízam nas mentes bem preparadas para recebê-las.”
Joseph Henry, físico fundador do Smithsonian Institution
Serendipity é uma palavra que ronda a minha vida e, uma vez que você toma contato com ela, nunca mais a esquece.
É um neologismo de origem inglesa, utilizado para indicar descobertas afortunadas feitas, aparentemente, por acaso, não intencional ou inesperadamente, situações que acontecem por “acidente”.
Na comunicação podemos associar ao “faro jornalístico”, o talento para descobrir notícias, a intuição que leva à investigação, ideia, revelação.
A serendipidade é um conceito incrível que pode transformar algumas simples observações do dia a dia em grandes descobertas.
Para mim é uma sensação de eureca, um insight!
Como utilizar a serendipidade de forma sistemática a nosso favor
A melhor proposta que encontrei, foi no livro O Efeito de Medici, de Frans Johansson. Ele propõe uma fórmula para utilizar a serendipidade de forma sistemática. O autor defende que “ao conseguir cruzar campos, disciplinas e culturas diferentes torna-se possível combinar conceitos já existentes num grande número de novas ideias extraordinárias”. Quer dizer que precisamos sair da caixinha, ousar, criar! Ficar abertos para receber as boas ideias, intuições e inspirações!
Por se manifestar de forma inesperada e não ser resultado de um raciocínio lógico – extremamente valorizado pelo homem moderno ocidental –, a intuição e a inspiração, muitas vezes são ignoradas.
“Mais tarde, esse conhecimento pode emergir, resultando naquilo que chamamos de sacada ou insight”, conta Ari Rehfeld, psicólogo e supervisor da clínica de Psicologia da PUC de São Paulo em entrevista para o site Saúde|Bem-estar. Portanto, ainda que sua origem seja desconhecida, aquele lampejo que surge vez ou outra pode fazer muito mais sentido do que se imagina.
O estado de serendipidade está presente no nosso dia a dia, mesmo que ainda não tenhamos percebido. Você já parou para pensar quantas coisas ouviu, sentiu ou viu no seu ambiente como se fosse por “acaso” e logo depois foram transformadas em oportunidades, estratégias diferentes ou até mesmo em produtos; por você mesmo ou por outras pessoas? É como se as boas ideias estivem “no ar” e bastasse pegá-las.
Desde que comecei a tentar entender um pouco mais esse instigante conceito, percebi que a serendipidade sempre está presente. Percebi na criação de produtos diferenciados e inovadores, em estratégias e planos super bem boladas e, principalmente, na ciência.
Habilidade mental, uma valiosa oportunidade
Importantes descobertas “acidentais” como a penicilina, o Raio X, o Teflon, o Nylon e inúmeros remédios, mostram a importância da habilidade mental de reconhecer e aproveitar os imprevistos que revelam valiosas oportunidades de inovação.
Esta habilidade mental pode ser desenvolvida pela compreensão do processo de serendipity e das atitudes que podem melhorar a percepção de eventos imprevistos. Com frequência os cientistas estão procurando as respostas para um problema e encontram a solução para outro.
A chance é um evento, a serendipidade uma capacidade
A serendipidade pode ser utilizada como uma ferramenta poderosa para se ter percepções inovadoras e ideias empreendedoras. Ao entender como funciona, gestores, pesquisadores e cientistas podem usar o “acaso” como importante contribuição para o sucesso competitivo da empresa.
Embora o progresso científico seja comumente considerado fruto de pesquisas rigorosas, não se pode excluir a sorte e surpresas acidentais que resultam em descobertas e invenções. Muitas das maiores invenções da ciência e da medicina que foram Prêmio Nobel, decorreram de acasos felizes.
Esse “acaso” ou “acidente” detectado por uma mente preparada representa a serendipidade. Temos vários exemplos de descobertas como raios X, penicilina, vacinação, estetoscópio, anafilaxia e anestesia, entre outros:
- Alexander Fleming e a penicilina – Ao se preparar para entrar em férias por duas semanas, Alexander Fleming inoculou estafilococus em uma bandeja e, ao invés de colocá-la na incubadora, como normalmente fazia, resolveu deixá-la sobre a bancada. No andar de baixo do laboratório de Fleming trabalhava um perito em bolores que cultivava, entre outros, os esporos de um fungo desconhecido, o Penicillium notatum. Imagina-se que os esporos, muito leves, tenham sido levados pelo vento e estavam flutuando em grande quantidade no ar do laboratório de Fleming, cuja porta sempre ficava aberta. Retornando das férias, e encontrando o laboratório em grande desordem, Fleming começou a fazer uma limpeza geral. Repentinamente, uma das bandejas de estafilococos que estava prestes a ser desinfetada chamou-lhe a atenção. A placa apresentava uma larga zona clara totalmente desprovida de estafilococos, justamente a parte que estava cercada pelo mofo Penicillium. Fleming havia descoberto a penicilina, primeira droga capaz de curar inúmeras infecções bacterianas. Com sua descoberta, o londrino salvou milhões de pessoas no mundo inteiro, e de quebra ainda levou o Prêmio Nobel em 1944.
- George de Mestral e o velcro – Em 1948 George de Mestral saiu para caminhar em um campo da Suíça, e viu algumas sementes espinhosas grudadas em suas calças, reparou que seus ganchos finos tinham ficado presos nas dobras do tecido e teve a inspiração para inventar o velcro.
- Art Fry e o post-it – Art Fry tentava desenvolver uma supercola quando acidentalmente produziu uma cola tão fraca que dois objetos grudados com ela poderiam ser separados com facilidade. Fry, um membro entusiástico do coro da igreja local, cobriu pedaços de papel com sua fracassada supercola e os usou para marcar as páginas do seu caderno de hinos. E foi nesse ponto que nasceram os adesivos do tipo post-it.
- Newton e a teoria da gravidade – Quantas maçãs e outros frutos não caíram sobre a cabeça de outros antes de Sir Isaac Newton (foto) formular a teoria da gravidade! Mas sua mente preparada permitiu uma interpretação adequada do evento e a transformação em conhecimento. Isso se chama “serendipidade”.
- Horace Wells e a anestesia – Horace Wells, um cirurgião-dentista, assistia à uma demonstração de inalação de gás óxido nitroso como divertimento e se tornou o pai da anestesia.
Existem 4 tipos de serendipidade:
- Descobrir Y inesperadamente.
- Procurar por X e encontrar Y inesperadamente.
- Procurar por X e encontrar X por meios inesperados.
- Descobrir um uso inesperado para X (ou Y)
E 4 atitudes e habilidades que favorecem a serendipidade
Para desenvolver a capacidade de perceber e tirar proveito das oportunidades reveladas inesperadamente é necessário cultivar algumas habilidades e atitudes, que estão também ligadas ao desenvolvimento da criatividade:
- Curiosidade: o interesse em entender e explorar o evento inesperado observado, ao invés de simplesmente descartá-lo como trivial ou inoportuno. Considere como oportunidade tudo aquilo que se parece com uma oportunidade.
- Mente flexível: quem vê somente o que é esperado e descarta os resultados inesperados como errados não fará descobertas. Evite julgamentos apressados e prematuros.
- Conhecimento: uma maneira de se preparar para aproveitar as oportunidades fortuitas é estudar e pesquisar muito.
- Dê chance ao inesperado: vivemos numa sociedade que nos torna prisioneiros da eficiência e da produtividade. Pensamos que tempo é dinheiro. Somos levados a dedicar tempo somente às atividades com um propósito definido e certo, sem riscos de fracasso e com retorno imediato.
Fonte: http://migre.me/sgDUU
A Princesa Serendip, a origem
A palavra inglesa serendidpity foi criada pelo escritor britânico Horace Walpole, em 1754, após a leitura do conto infantil persa The Three Princes of Serendip, cujos heróis, três príncipes do Ceilão, estavam sempre fazendo descobertas inesperadas cujos resultados eles não estavam procurando realmente. Graças à capacidade deles de observação e sagacidade, descobriam “acidentalmente” a solução para dilemas impensados. Esta característica tornava-os especiais e importantes, não apenas por terem um dom especial, mas por terem a mente aberta para as múltiplas possibilidades.
Uma dica! Procure livrar-se ocasionalmente das tiranias e dedicar uma pequena parte de seu tempo para perambular por caminhos inexplorados. Nesta viagem, siga sua intuição.
[Catarina| Flavia | Tatti]#NosEstamosJuntas Este projeto tem o objetivo de mostrar o poder da colaboração entre mulheres, que quando unidas podem conquistar seu espaço no mundo corporativo e através de pequenas ações contribuírem para um ambiente de trabalho mais saudável e humano, inspirando e impactando diversas pessoas de forma positiva. Catarina, Flavia e Tatti se encontraram ao acaso e decidiram criar um projeto para compartilhar suas experiências profissionais e aprendizados, por meio da publicação de artigos simultâneos ou complementares em um formato diferente de contar histórias. Os primeiros artigos foram publicados no Linkedin, mas agora eles começam a alçar novos voos. Leia o artigo da Flávia Gamonar: Grandes invenções não surgem apenas de “eureka!”: 14 dicas para gerar boas ideias Leia o artigo da Tatti Maeda: Como desbloquear a falta de inspiração? |
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